Cemitério Père-Lachaise: um museu a céu aberto

Cemitério Père-Lachaise: um museu a céu aberto

Como prometido na última postagem, esse texto é para falar exclusivamente sobre o cemitério mais famoso de Paris, se não do mundo, o Cemitério Père-Lachaise: um museu a céu aberto. Ele recebe cerca de dois milhões de visitantes por ano, está localizado no 20º Arrondissement e se destaca turisticamente por sua arquitetura, sua arte e pelas personalidades que ali estão enterradas.

O Père-Lachaise foi inaugurado em 1804, mas demorou para ganhar o respeito dos parisienses, principalmente pela distância do centro da cidade. Esta situação só mudou quando o governo transferiu para lá ossadas de importantes personalidades, incluindo os restos mortais de Molière e La Fontaine. Os anos passaram e o cemitério foi ganhando mais espaço e fama. Hoje tem cerca de 44 hectares e muita história para contar.

São muitas as dicas para quem vai visitar o Père-Lachaise. Para começar escolha um sapato confortável, leve uma garrafinha de água e marque em um mapa com antecedência o que você quer visitar, pois o local é enoorrrme e um bocadinho confuso. Caso não tenha feito isso, pegue um mapa na portaria. Para ver com mais detalhes o que pode ser visitado, vale a pena dar uma conferida no site do cemitério (texto em francês ou inglês).

Cemitério Père-Lachaise: um museu sim!

Ao começar o passeio foque nas obras de arte dos mausoléus, túmulos e lápides. Obras de várias épocas e escolas que encantam mesmo os olhares mais leigos. O passeio não tem nada de mórbido, pois você se sente em um museu. Fiquei muito impressionada com o cuidado com que os mausoléus foram e continuam sendo feitos.

Chegou a hora de visitar os túmulos famosos. São muitos, então vou falar um pouquinho daqueles que para mim são mais interessantes. Os outros vou só listar para vocês.

Jim Morrison

DSC_0066Eu sempre curti rock, então queria muito ver o túmulo do líder do The Doors, Jim Morrison. Queria ver pela importância dele na história da música e pelo que já tinha lido sobre o próprio túmulo. O local está bem deteriorado. Muita gente vai até lá para beber, fumar e usar drogas. Há alguns anos o local recebeu uma cerca de isolamento de tanto que as pessoas destruíam o túmulo. Quando eu fui havia muita sujeira e tocos de cigarros no chão, além de chicletes colados em uma árvore ao lado (não tenho ideia porque). Sem dúvida, foi o túmulo com mais pessoas ao redor!

Alan Kardec
DSC_0074Ao contrário da tumba de Jim Morrisson, o túmulo do espirita Alan Kardec é respeitado e até mesmo idolatrado, principalmente pelos brasileiros que visitam o local. Não precisa de isolamento nem segurança, você pode tocá-lo e depositar flores, em meio às muitas que já estão lá.

ChopinDSC_0073
Eu dancei ballet por muito anos e por isso sempre gostei de música clássica. Hoje não ouço tanto, mais ainda tenho um respeito e admiração pelos compositores desse tipo de música. E Chopin foi um pianista incrível. Quem quiser visitar esse túmulo prepare-se, pois foi o que mais tive dificuldade de encontrar. Ele está num caminho pequeno, perdi quase quarenta minutos rodando, pois o mapa que eu tinha em mãos não batia com a realidade.

Victor Noar
DSC_0086O jornalista Victor Noar não tem em seu currículo nenhum grande feito, porém a lenda que existe sobre seu túmulo me fez querer visitá-lo. Sem trocadilhos, achei a história bem divertida. Victor em vida era um galanteador e morreu assassinado por um primo de Napoleão Bonaparte em uma disputa relacionada a mulheres. Ao ser enterrado, uma escultura foi construída sobre a cova.

A imagem mostrava como ele havia sido encontrado: boca entreaberta, cabelo despenteado, camisa desabotoada, mãos inertes e uma ereção pronunciada entre as pernas, uma grande ereção, comum às mortes semelhantes a dele. Com o passar dos anos, criou-se a lenda de que passando a mão na sua protuberante área genital, as mulheres iam garantir fertilidade e ter uma vida sexual plena. Vale dizer que o resultado da repetição deste ritual é que as partes íntimas da estátua perderam a cor. Quem sou eu para não acreditar em lendas urbanas. Fui lá para conferir e me garantir!

Outros túmulos famosos

Honoré de Balzac (1799-1850), escritor (divisão 48)
Oscar Wilde (1854-1900), escritor e dramaturgo irlandês (divisão 89)1
Jean de La Fontaine (1621-1695), poeta francês (divisão 25)
Marcel Proust (1871-1922), escritor francês
Édith Piaf (1915-1963), cantora francesa (divisão 97)
Sarah Bernhardt (1844-1923), atriz francesa (divisão 44)
Molière (1622-1673), autor de teatro francês (divisão 25)
Eugène Delacroix (1798-1863), pintor francês
Augusto Comte (1798-1857), filósofo francês

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2 Comentários

  1. Simone disse:

    Desde sempre eu gostava de visitar os cemitérios dos lugares onde ia… Até hoje não descobri o motivo, mas é bem legal saber que tem mais gente que tem a mesma esquisitice… kkkkkkkk

  2. Almir Silva disse:

    Estive no cemitério Père-Lachaise em 2015 e lá passei momentos maravilhosos durante dois dias incríveis. Sou professor e para mim foi uma grande honra e experiência acadêmica estar naquele lugar e partilhar de tantos conhecimentos somados, dentre aqueles que estão ali no seu descanso eterno…! Me desculpem a emoção, mas foi a maior e melhor experiência que tive na vida…! Se deus permitir, antes de morrer, voltarei outra vez…! Obrigado!

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